Ontem estive a trabalhar das 5 da manhã às 5 da manhã praticamente. Estou exausta. Doi-me os pés e os pulsos de empurrar material AV até ao armazém de madrugada, as veias nas minhas mãos ainda estão visíveis, salientes e tenho umas nódoas negras aqui e ali.
O Bruno decidiu que iria deixar-me implementar um projeto. Passei a semana passada inteira a tentar organizar este projeto de entretenimento para 500 pessoas que contava com uma performance da banda do Luís ao vivo, a montagem de uns balões e mais umas mariquices.
Quase tudo o que havia a correr mal correu, as montagens saíram da planta prevista, ninguém leu os meus planos, tive que gramar com a chinesa chefona do venue, uma lâmpada rebentou, o candeeiro de substituição estava torto, o foyer do nível 4 da Torre de Macau estava overcrowded e os tugas pareciam sardinhas enlatadas no momento em que ainda não podiam entrar para a sala de buffet, porque a banda ainda não estava ensaiada e a electricidade foi a baixo, o técnico de som perdeu o backup do sound check... Quando eu digo tudo, eu digo literalmente tudo.
Mas estava viva, estava a fazer o que gosto.
Coincidência das coincidências tinha 5 professores e o diretor da eshte na plateia, eles viram tudo, viram-me a correr de saltos e batom vermelho de um lado para o outro com um auricular e um walkie-talkie na mão, viram-me a subir ao palco para dar assistência, viram-me por trás das atividades de casino na área de cocktail. O diretor da eshte veio perguntar o nosso nome, prometeu à Beatriz certificar-se que faria todos os possíveis para que ela ficasse licenciada este ano ainda. O professor de TSI veio tirar selfies connosco e tenho a certeza absoluta que em pelo menos duas ou três aulas nas cadeiras de glat alguém falará das duas alunas que se licenciaram este ano e que já estão a dar cartas em Macau, a representar a eshte, a representar tudo o que nos foi ensinado (bem ou mal).
Finalmente sinto que pertenço a algum lado aqui. O Luís pediu-me para ficarmos, a Ana também, à sua maneira. O Bruno deu-nos palmadinhas nos ombros ontem e disse o que nós sempre temos vindo a dizer - estas são as minhas "filhas". Acho que mesmo com tudo o que aconteceu ele está muito orgulhoso do nosso trabalho.
Aprendi de tudo neste estágio, desde ir à lavandaria, a pedir um "pío", a mexer em contas, a aturar chineses, a saber estruturar o meu trabalho. Na verdade acho que me orgulho de ser uma boa estagiária e sei que o Bruno sabe isso. Sinto que eu e a Bea entramos na lista de melhores estagiárias que já entraram naquela empresa, de uma maneira ou de outra, com todos os nossos defeitos e todos os erros que cometemos por sermos demasiado fresquinhas. Gostei muito da experiência e ficava durante uns tempos. Faz sentido. Já tenho uma mini família por aqui.
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