Saí de Macau há pouco mais de um mês partindo numa aventura algo de pé atrás. Parte de mim queria de imediato voltar a casa, confesso. Sentia que uma série de assuntos por fechar estavam acumulados, saudades de ir tomar um café, de ir jantar fora, até mesmo do espirito natalício das ruas lisboetas e do frio (aquele frio que congela a ponta do meu nariz e as minhas mãos).
No dia 1 de Dezembro, na agitação toda que implicava enfiar os bens materiais que tínhamos acumulado ao fim de três meses nas malas e, após um último almoço no nosso sítio preferido - a Luso - com take-away do melhor restaurante vegetariano de Macau - que incluía duas fatias (uma para cada) do melhor bolo de cenoura que alguma vez provei na minha vida - lá conseguimos arranjar maneira de chegar a Hong Kong e apanhar o avião que nos levaria ao sítio mais paradisíaco onde já estive na minha vida.
Não me querendo focar demasiado na viagem em si, a Tailândia mudou todo o espectro que eu tinha planeado, pensado e repensado para a minha vida. Houve mesmo um momento em que desejei ficar a título permanente (pelo menos por uns tempos), tal como todos os turistas que se apaixonam por aquela terra e ali ficam anos e anos a fio, como se fosse um loop. A Tailândia é para mim a terra da tentação, prendendo em si todos aqueles que na sua beleza caírem, roubando todos os seus sonhos e objetivos prévios. Eu tive a sorte de ficar acamada devido a uma (in)feliz intoxicação alimentar, que me fez cair em realidade.
A Coreia foi, para além de um choque climático após 6 meses de verão intensivo, um local onde encontrei um conforto familiar. Finalmente senti o nariz e as mãos congelar, ouvi canções de natal, e senti a agitação da sociedade consumista, misturada com um dialeto que não era capaz de reconhecer anteriormente.
No final, não queria voltar a casa. Ao chegar a Lisboa, tenho este sentimento de ter passado apenas duas semanas fora, tudo continua, tal como esperava, estagnado.
Ao regressar a casa toda a gente à minha volta me espera, mesmo já cá estando, continuam à espera que eu tenha voltado da minha aventura. O meu pai fala em arranjar contactos em cadeias hoteleiras, sem me consultar previamente, e todos me dizem - "A minha menina voltou"; "E agora?". Esperam que fique. Esperam que cumpra o típico término de licenciatura - arranje um trabalho e depois logo se vê. Mas não voltei igual. A minha cabeça está bem longe de estar aqui, mais do que o meu coração, como se costuma dizer. Ainda agora começou a minha aventura. Na verdade eu sei muito bem o que quero, mesmo que minta a toda a gente e diga que quero arranjar um trabalho na área e crescer profissionalmente (que quero claro), mesmo que diga que me sinto perdida e sem rumo, é, na verdade, dessa maneira que me quero sentir. Juntar o suficiente para voltar, juntar dinheiro para agarrar na mochila e voltar, descobrir o mundo, porque tenho idade para isso agora e, se não o fizer, vou arrepender-me para sempre. E sei que para o fazer vou ter de lutar contra muitas pessoas diferentes, incluíndo eu própria.
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