A Última Carta

A Última Carta:  


   Camila é uma rapariga lisboeta de 17 anos, com uma vida cobiçada por quase todas as raparigas da sua idade: namorado perfeito, melhor média da turma, é considerada a rapariga mais popular da sua escola. 
   Um dia faz uma viagem no tempo. Ao chegar a uma Lisboa do passado, Camila depara-se com um mundo totalmente diferente do dela, onde nas ruas as pessoas a olham como se fosse um extra-terrestre e passam galinhas, vacas e outros animais, onde os rapazitos sujos correm e onde tudo lhe parece estranho.
   É nessas ruas que Camila conhece Pedro, uma rapaz da sua idade, encantador e muito pobre. Pedro e Camila apaixonam-se e vivem um amor impossivel, até ao dia em que Camila acorda em sua casa, cem anos mais tarde.
   Como irá Camila suportar a perda do amor da sua vida?


***

Sinto a falta dos teus beijos, do toque da tua mão, do cheiro que tinhas, de acariciar a tua face áspera e semi-suja depois de um logo dia, sinto falta de todos os momentos, daquele ar fresco de ínicio Primavera que partilhamos, da forma como me ajudaste e como acreditaste em mim quando mais ninguém o fez, tenho umas saudades termendas da tua ingenuidade que na altura me punha furiosa. E do teu sorriso! Ai o teu sorriso que reconfortava quando mais precisava e que me punha mais feliz do que nunca! As lágrimas que derramámos juntos naquele conto de fadas que sabíamos que ía acabar assim, de um dia para outro, quando menos esperassemos, por em, nunca me deixaste cair, apanhavas-me sempre do fundo do poço.



Mas principalmente sinto a tua falta! Sei que já não há maneira de te ter de volta, somos duas pessoas de tempos tão distantes e tão diferentes, tu viveste naquele quarto quase a vida toda, nunca tiveste nada. E eu a menina habituada a grandezas que tinha tudo o que queria mas a única que considerei minha na vida, foste tu, foste o unico que realmente me importou (e que realmente me importa), foste o meu grande amor e sempre serás. Agora, não penso noutra coisa, todos os dias olho para a tudo e só me lembro de ti, mas já não és meu fugiste de mim assim, deixei-te ir e não entendo porquê.



Tu és tudo, tu és o possivel e o impossivel, a voz da razão na minha cabeça, a minha grande esperança, quem me dera que estivesses aqui, perto de mim, me abraçasses e me voltasses a dizer que estarás sempre aqui ao pé, para o que desse e viesse, estivesse eu onde estivesse, mesmo que cem anos depois. Quem me dera ouvir mais uma vez a tua voz grossa a dizer: Eu amo-te!



Porque eu amo-te e amar-te-ei para sempre, nunca te esqueças.



Assinado: Camila
 
*** 

Capitulo I
A Despedida

   Camila olhou para o espelho uma última vez antes de sair de casa, lá estava ela, preparadíssima para a festa de despedida de João, estava perfeita, era estranho pensar que o namorado ía passar um ano inteiro fora do país e ela nem sequer estava muito preocupada: "Ele num piscar de olhos volta!", pensava.
   - Camila filha, estás linda. - interrompeu o pai de Camila- Mas vá tens de te despachar, a Mónica está á tua espera há já muito tempo.
   De repente, Mónica entra na divisão - Então Camila Franco? Não achas que estás a abusar da minha paciência? Mais bonita do que isso é impossivel mulher! Vá já á minha frente! - Mónica puxou-a até á entrada de casa.
-Minhas queridas tenham cuidado e não abusem do alcoól!
   Camila deu um beijo na cara do pai e disse:
   - Fica descansado papá, depois vimos cá ter.
   -Vá divirtam-se!
   - Até logo Roberto! - disse Mónica co um enorme sorrizo na cara.
   - Até já, vê se tomas conta da Camila!
   - Não te preocupes Roberto, a tua filha está segura.

   Camila e Mónica desceram as escadas do prédio, em direcção á porta e correram até á paragem para poderem apanhar o autocarro até ao Marquês de Pombal.
   - Esse vestido rosa fica-te a matar. Ainda estás a tentar fazer com que o João não vá para Berlim? 
   - Oh achas? Eu não me importo assim tanto que ele vá, faz-lhe bem estas novas experiências, e ele volta depressa.
   - Achas que ele já não te esqueceu quando voltar? Não tens medo que isso aconteça?
   - Não Mónica, eu e ele...
   -Tu e ele?- perguntou a amiga.
   -Eu e ele somos uma mentira, eu não sei se o amo.
   -Mas não te percebo, não o amas? E se lhe dissesses a verdade? Ele é louco por ti.
   - Eu não posso continuar a viver desta forma, ainda bem que ele vai embora.
  A conversa acabou ali, e ambas ficaram a olhar o vazio do chão cinzento e brilhante do autocarro até chegarem a sua paragem. Ao chegarem ao restaurante todos os olhares se cruzaram com os delas, estavam tão atrazadas que as pessoas já estavam a perder a paciencia, no entanto estavam tão bonitas que deixaram todos de boca aberta, Camila num vestido cor de rosa pálido, muito justinho ao corpo e com um enorme "V" na parte de trás, o que permitia ver grande parte das suas belas costas, Mónica envergava um vestido igualmente justo mas azul escuro e cheio de  folhos, Camila rinha o cabelo solto e Mónica tinha-o preso numa bela trança.
   João correu para Camila, agarrou-a e deu-lhe um envolvente beijo nos lábios -Camila, ainda bem que chegaste! Estava a ficar preocupado!

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