É dia 27 de Setembro de 2017. Se eu tivesse que escolher o mês onde mais recebo novidades em média por vida, na minha vida até agora, escolhia Setembro.
A Bia ainda está no trabalho e eu cheguei a casa cedo e tenho a família filipina toda na sala a celebrar a sua reunião.
O tópico que queria abordar entre pensamentos era a saudade. A saudade que não tenho. É estranho como estou há um mês fora de casa e nunca estive tão longe de ter saudades. Não tenho saudade nenhuma, estava quase capaz de ficar. Olho em volta e todos os dias conheço pessoas novas, sinto que ainda que a meio gás estou a começar a integrar-me no trabalho, a comunicar mais, a estabelecer relações ligeiras, cordiais... Em casa vivo num sistema comunista com a Bia - ambas temos o mesmo direito a tudo, dividimos tarefas, trocamos a nível de igualdade as nossas coisas, partilhamos todos os bens materiais exceto os tampões e a escova de dentes (acho que também ainda não usamos cuecas uma da outra). O nosso quarto é uma verdadeira comuna, mesmo que façamos coisas diferentes, vivemos inocentemente sobre os princípios que abominam a detenção de propriedade privada. Funciona bem. Não nos chateamos, cada uma tem direito a uma parte, dando outra parte. Se bem que tenho a certeza que nos dias em que lavamos a loiça pela outra duas vezes seguidas parte de nós suspira e revira os olhos. Por falar nisso tenho de dar um jeito ao quarto antes que ela chegue e comece frenéticamente a mudar as minhas coisas de sitío.
Voltando à saudade. Sim, aquela que não tenho...
A minha mãe anda a mandar-me mensagens, às quais não consigo retribuir, quando penso na minha família lembro-me dos meus avós, da minha irmã, do meu pai a quem conto mais coisas, a minha mãe o que sinto por ela é alívio. Viver sozinha, ainda que com a Bia, é tão bom. Não tenho conflitos. Não tenho conflitos gerados pela minha mãe. Sou feliz, tenho uma vida simples, ninguém me chateia por x ou y ficarem espalhados, porque a loiça não se lavou, por trinta mil motivos diferentes. Ninguém me chateia com nada e as coisas aparecem feitas na mesma. Parece quase parvo eu dizer isto, mas a verdade é que na minha casa estas reclamações não acontecem como em qualquer casa. A minha mãe é diferente.
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