quinta-feira, 14 de setembro de 2017

É surreal a paz que podes por ventura sentir quando mudas de vida. Outro país, outras pessoas, uma rotina nova e diferente. Uma série de problemas deixam de existir, os teus sonhos ganham outra dimensão e as tuas prespetivas futuras tornam-se estranhamente diferentes. Pela primeira vez em vários anos não tenho de me preocupar com problemas com os quais sempre me preocupei - os meus pais, a minha família, os meus amigos, a minha vida social... Tudo a 11 000 km e a 7 horas de distância. Estou ansiosa com a ideia de ir viajar no final do ano. Já só penso naquelas praias na Tailàndia e na cultura coreana. Estou elétrica na minha cadeira só de pensar em poder movimentar-me, poder ir conhecer o mundo. Perrgunto-me o que estarão os meus pais a achar de tudo isto, se estão a lidar bem com a minha ausência, se vão lidar bem com o meu quarto vazio e com a minha falta de resposta a mensagens. Tornar-me-ei um fantasma para a maior parte das pessoas? Eu sei que  4 meses passam a correr e não sinto vontade nenhuma de voltar. Quando voltar tudo será demasiado pequeno. Esse é o problema.
Passas a vida a sonhar sair, tens tanta vontade de o fazer que quando sais tens tendência a achar que o «feliz para sempre» é tudo o que vai acontecer, é como não sermos capazes de sonhar com a morte uma vez que nunca passamos por ela. Chegas ao teu destino e dás contigo numa de - «Então e agora?».
E quando eu voltar o que vai acontecer? O que tenho eu lá para me agarrar? Eu quero agarrar o mundo, não quero ficar por lá, arranjar um emprego das 9:00 às 18:00, ficar presa a um ordenado parvo que apenas de dinheiro se trata. Não que o dinheiro não seja importante, antes pelo contrário, mas é apenas dinheiro, não me acrescenta nada. Prefiro ser pobre e poder viajar, conhecer, crescer. Não quero viajar para ser turista, ser turista é parvo. Eu quero ser o Eu no mundo, totalmente perdida, totalmente encontrada nessa dicotomia de sentidos e significados.
Tudo na vida é estranho. Durante 21 anos têm-me preparado para crescer, para o dia em que deixo a faculdade e pego na minha carcaça e nos conhecimentos teóricos que durante tanto tempo me tentaram incutir e que ainda assim se tornam escassos e pouco importantes - cumpre as regras, cumpre o destino comum de toda a gente, mas faz o que te fizer sentir feliz (sem te esqueceres que isso tem de estar dentro dos parâmetros do que se considera para além da subsistência -  tens de procurar conforto na vida). Talvez eu tenha na verdade vontade de viver uma vida simples. Ser feliz iluminada pelo sol que banha Portugal, abraçar a beleza de toda aquela terra, absorver toda a energia que a minha casa, o sítio onde nasci e cresci tem para oferecer. Ou então talvez queira fazer algo que acrescente valor ao meu ego. Enquanto cá estou o único plano que começa a crescer na minha cabeça tem sido o de voltar a planear a minha tour italiana. Passar na Toscânia, Milão, Roma, Nápoles, Veneza, Florença... Conhecer aquela terra com uma mala ás costas, de comboio, de barco, de avião, conhecer aquela cultura, aquela energia, naquela terra tão bonita, com tanta história para oferecer. Parece que afinal sempre tenho um plano. Ou talvez um sonho por cumprir.

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