Sinto que nunca disse isto com tanta honestidade. Sinto-me genuinamente assustada.
Na quinta-feira tive um ensaio (frequência) e a entrega de um trabalho ao qual tive de dar a minha alma para que o pudesse deixar o mais perfeito que me fosse possível, 20 páginas de puro enquadramento, até às 4 da manhã para o acabar, com o meu cérebro a comunicar a mil à hora comigo. Na quinta-feira também foi a entrega de notas de inglês. Estava nervosa com a nota que teria na apresentação da aula anterior. Sentei-me na cadeira e um 17 estava na pauta, junto a um 16,5 na frequência e um 18 numa oral feita anteriormente. Ao lado dessas notas estava um 8, este representando a minha participação. A nota desceu de um 17 para um 15 drasticamente. A professora olhou para mim e disse-me que era o meu castigo: "This is your punishment, because you are absolutely brilliant Joana, and I dear you to attend the exam and show everyone how brilliant you are." Saí dali com vontade de chorar. Não por estar triste (ainda não sei se vou aceitar o desafio também), mas porque ter tido um tipo de reconhecimento deste calíbre. Eu tenho uma perceção das coisas que mais ninguém tem. E sinto que finalmente alguém viu isso. Porque eu sempre senti que estava a esconder as minhas capacidades para me transformar numa pessoa mais normalizada, sempre precisei disso para me encaixar. Fingir que não me lembrava de coisas, enganar-me de propósito, ignorar as coisas que sei de facto, faço isso desde pequena. E não posso parar de estudar aqui. Nunca tive uma sede destas.
Na passagem de ano, quando fiquei semanas em casa da Bea e da Silvia, estavamos a jogar a um jogo quando uma das perguntas, direcionadas para a Bea calhou: "Bebe a pessoa mais inteligente da sala". A Bea sem êxitar olha para mim, com a sala cheia.
E até o Cabral, das pessoas mais inteligentes da turma, estavamos numa aula de Relações Interpessoais a falar de capacidades VAKO, assim que o professor fala nas capacidades visuais e diz que as pessoas visuais não têm necessidade de contacto físico, sabem que as informações estão à nossa vista, sabemos dizer o que queremos, temos uma perceção imediata das coisas, ele olhou para mim e disse-me: isto és tu.
Tenho tanto medo. Não sei do quê, mas estou tão assustada. Não sei se é do futuro que tenho receio. Não sei do que tenho tanto receio. Mas estou petrificada. Acho que tenho medo de tomar decisões que não me permitam usar capacidades que possa ter.
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