sábado, 15 de abril de 2017

Na quinta-feira estava claramente entre a espada e a parede. Encurralada pelos sentimentos reais que marcavam a falta de valor da vida humana. Estamos aqui para nada, verdade seja dita. Eu especificamente estou aqui e de nada vale estar aqui. Durante momentos tentei encarar a morte. É mesmo verdade, pensei em maneiras de tirar a minha própria vida. E depois pensei no peso que isso teria para as pessoas que convivem comigo. A minha irmã, o meu pai, as pessoas que me envolvem. Percebi que ficariam sempre com a dúvida do porquê de o ter feito, sem o entenderem. Viver dá demasiado trabalho. É uma resposta algo inaceitável para alguns. Como assim? Viver dá demasiado trabalho? É honestamente a resposta mais sincera que posso dar. Há momentos em que perco a vontade total de viver. Ganho preguiça a ter de enfrentar uma quantidade de fases inúteis. Como acabar o curso, ir ao ginásio, ir viajar, esperar para apanhar o autocarro, o tempo até me movimentar para uma festa, o sofrimento que ás vezes pesa... A noção de que se eu quisesse, todo esse sofrimento acabava. Assim. Sem mais preocupações. Egoísta ao ponto de não me importar com o sofrimento que, causaria aos outros, a minha morte. Já não seria problema meu. Morrer é tão fácil. E tão apetecível. Apenas algumas pessoas entenderiam isto ao lê-lo. As pessoas na sua maioria não têm em si a imparcialidade que a mim me é característica. Calculo que viessem ter comigo, perguntar se está tudo bem. Está tudo bem. Nunca vão entender. Os seus cérebros não estão treinados para ser tão céticos. Acreditam nos propósitos da vida. Acreditam nas coisas que valem a pena. Nada vale a pena. Não existe nada. Somos todos partículas em movimento, partículas que vêm e vão. Partículas dispersas e individuais não estagnadas nesta dimensão espaço/tempo. Um. Dois. Três. Passaram três segundos da existência. O que é a existência? A existência é um nanosegundo numa soma de milhares de milhões de anos. Uma e outra, e outra, e outra vez. A vida é muito menos do que um suspiro comparada á imensidão do universo. Como é que podemos ser tão pequenos e sentir tanto?

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