Cheguei ontem de Paredes de Coura. Adorei tudo, lembro-me de no ano passado não ter ido porque não fazia sentido para mim. Este ano adorei todos os momentos e todos os segundos. Encontrei tanta gente, adoro pessoas, adoro a sua presença, adoro o à vontade que tenho tido ultimamente para com toda a gente.
Nisto, a uma semana de me ir embora o meu avô morreu e tenho listas gigantes de coisas para fazer. Acho que a morte dele foi estranha, foi algo demasiado esperado para ter sentido alguma coisa. Não me senti triste, não senti perda um único segundo da minha vida, nem sequer tentei vir a Lisboa, estava a divertir-me no festival e isso pareceu-me mais importante. Acho que a minha mãe não está a lidar com isto da melhor forma, afinal é o pai dela e está toda a gente a agir como se a sua morte não tivesse tido importância. E não teve. Não eramos próximos, muito menos nesta fase final das nossas vidas. Acho que passei demasiado tempo da minha vida a querer afastar-me dali, por não gostar de lá estar, para agora poder sentir saudades. Mas é estranho pensar que já não tenho os dois motivos que me faziam ter de lá ir, antigamente duas vezes por mês e ano sim/ano não no Natal. Estava preocupada com a forma fria como acabei por reagir: "O meu avô morreu. Não devia sentir tristeza? Não devia chorar?". Sinto-me ainda algo perdida quanto à minha reação e ao meu não sentido de perda. Mas sei que a minha mãe se sente zangada por aparentar que está toda a gente a cagar-se. Ontem saíu de casa em fúria depois do jantar de anos do meu avô verdadeiro, onde toda a gente estava a rir, despreocupada, mais ocupados com a vida que a nós ainda nos resta.
Quanto à minha partida, ainda não sei como me sentir. Quero ficar porque estou a ter o melhor verão da minha vida, mas quero partir para continuar a ter o melhor verão da minha vida (se é que isto tem algum sentido de qualquer das formas). Já não estava tão feliz e segura desta maneira há tanto tempo. Tudo é fácil, viver esta minha mocidade e fazer tudo o que ainda tenho para fazer enquanto posso. Sei que partirei sem assuntos por fechar, com um mar de possíbilidades em aberto e isso é a melhor coisa que podía esperar da minha vida neste momento.
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