sábado, 20 de maio de 2017

Recentemente tenho tido alguns problemas a identificar-me e a elevar as minhas capacidades num núcleo onde estou rodeada de pessoas que não me conseguem levar a sério a 100% por ser mulher. Não sou feminista, nunca fui, detesto o termo, o conceito e a sua definição. Não gosto do empoderamento que querem impôr na sociedade, não gosto da necessidade de se levantarem e gritar "Eu posso, quero e mando". Não percebo essa necessidade. Eu sou muito mais que isso. Tenho uma inteligência e uma sensibilidade intelectual demasiado grande e um espírito demasiado pragmático para me colocarem do outro lado no espectro por ser mulher. Eu sinto que os meus amigos fazem isto comigo, sinto que os homens e até as mulheres. Especialmente quando estou a fazer degustações e sou alvo de assédio sexual, ou quando passo na rua e estou a usar uns calções, ou quando estou na faculdade e viro costas e um "a Joana hoje veio toda (re)produzida". Burros, nem sabem usar as palavras. Se conhecessem a extensão intelectual e as capacidades que tenho nem conseguiriam olhar mais para mim. Estou cansada de ouvir conversas sobre sapatos e "onde é que compraste esse vestido?". Eu sou muito mais que isso. Sinto-me demasiado calada sem poder responder à forma como me sinto em relação a tudo isto, sinto-me demasiado apanhada por um mundo onde sou alvo de assédio, onde não posso descer a rua sem um apitar de um automóvel ou de simplesmente ser ignorada porque não cumpro os requisitos de beleza de parte das pessoas. Como se não soubesse do que estivesse a falar, como se soubesse demais e não precisasse na verdade de saber tanto assim. Este assunto tem-me magoado, genuinamente, por sentir que não posso alcançar o meu auge tudo por não ter nascido homem. Tudo porque não sou o suficiente, porque devia ser menos, porque não posso crescer mais.

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