Não estou bem.
Ando a aperceber-me disto agora mas não sabia que se notava. As pessoas à minha volta vêm ter comigo e perguntam o que se passa, não que tenha tido algum breakdown, porque estou bem, mas sentem que eu ando á toa, estou na minha, a navegar no meu mundo da lua, o Nuno diz que estou sempre estranha, a professora de espanhol embirra comigo, a Mafalda, o Rodrigo, a Mónica. Pessoas que não me conhecem. Não tinha noção disto.
Pergunto-me o que se passa comigo, a descontrução psicológica do meu Eu é, pelos vistos, clara. Acho que me sinto sozinha, despersonalizada, silenciada. Já não tenho ninguém com quem possa falar que me perceba. A Bea não está aqui e não quero destruir a jornada dela com as minhas lamúrias. O Justo não me conhece há anos. E o António tem as coisas dele com que se preocupar, ele tem de cuidar mais de si e não dos outros. Mais ninguém tem capacidade para me guiar e me trazer a bom porto.
Olho para este ano ridículo e para todas as más decisões que tomei, todos os casos parvos e as pessoas com quem me tenho metido. A minha falta de vontade de estudar, fazer trabalhos. Coisas que não tenho falado com ninguém. Coisas que ninguém sonha, ninguém sabe. Isto está a dar cabo de mim. O silêncio está a dar cabo de mim. Dou comigo, ás vezes, em casa sozinha, quase a chorar e a tentar lembrar-me de alguém que me possa distrair, em vão. Esfrego os olhos e simplesmente decido que consigo lidar com tudo isto sozinha, que tenho de ser forte e deixar-me de merdas e de ser conas, porque eventualmente vai passar. A Bonga faz-me falta. Não que tenha saudades dela, porque não tenho. Mas sinto-me diferente na sua ausência. Sei que preciso de sair daqui e começar uma vida diferente, apagar tudo, começar da estaca zero. Não ter de lidar com as coisas que para trás ficam.
O que é que estou a fazer a mim própria?
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