segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Janeiro de 2017

Parece Maio. Ando mentalmente a achar que estamos no mês de Maio há demasiados dias. Uma coisa é confundir uma quarta-feira com um domingo, mas confundir dois meses completamente distintos levam-me a crer que estou oficialmente em modo vegetal sem saber. Pairo sobre mim própria num rodopio constante, sinto alguma ansia no peito, não sei de quê. Sei que em parte estou triste e em parte estou contente, ou na expectativa de estar contente, o que me deixa triste. Estou outra vez numa miscelânea de sentimentos e não entendo porque não posso ser normal de uma vez por todas e sentir sempre o mesmo, da mesma forma. Não percebo de onde vem toda esta vontade de desistir de tudo, de me esconder num dia feliz. Parar o tempo. Permanecer. Viver esse dia vezes e vezes sem conta, sempre igual, sempre constante, sempre feliz. Não sei que dia escolhia, se escolhesse. Penso nos dias mais felizes da minha vida, entre eles saltam uns quantos episódios de adolescência - loucura e parafrenália, despreocupação divina e diversão no seu estado puro - uns quantos episódios de infância - onde pilhas de inocência me levariam a não estar ciente de tantas preocupações que não deviam existir de facto - noites de bebedeira - onde a realidade fica deturpada e tudo me soa irreal, o sabor venenoso e cáustico do alcoól que não se sente e nos é corrosivo sem sabermos - e sim, dias de amor - onde nada mais existe do que isso mesmo em si, mais do que o sorriso, o brilho nos olhos, as sensações, toque, cheiro, a explosão de tudo numa concordância entre o eu ínfimo e o eu físico numa repetição infinita de todos os elementos. Já vivi de tudo. Já fui feliz em todos os meus estados, até mesmo quando fui triste fui feliz sem o saber.
O mês de Janeiro está a ser incrível, tal como a primavera. Daí eu achar que estamos em Maio. Mas nunca o escolhería para ser o meu loop. O meu momento, parado no tempo, onde eu pudesse viver eternamente. Porém sei que nunca escolhería nenhum dia, ficaría contínuamente á espera de me decidir, contínuamente indecisa entre todos os melhores episódios, porque não posso escolher um preferido. Mas voltava atrás se pudesse. Reviveria cada um desses dias uma e outra e outra vez, gosto da intensidade de todos os momentos. Gosto da vivência deles em si. Mas não sei... Ou talvez saiba e não queira admitir.

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