sábado, 14 de janeiro de 2017

Desassossego

Sento-me no cansaço da vida e olho para a realidade vazia de equilíbrio. Olho para a assombração da minha própria imagem num rodopio que me leva a não reconhecer as feições de cansaço marcadas no meu rosto. A dor de cabeça assola-me o espírito, o tédio devasta a minha existência e o vazio novamente consome a prespetiva paralela onde o meu pensamento reside. Pauso. Olho novamente para a minha própria imagem, desta vez não em frente ao espelho, desta vez confronto o espaço compreendido entre os limites da minha própria carcaça, aquilo que sou por mim, por dentro. Vejo alguém velho, alguém novo, alguém sem rumo ou limites. Vejo alguém não perdido, não achado, vejo alguém talvez mais interiorizado. Revejo os valores que ainda tomo como meus, que já eram escassos, e não os sei distinguir. Sempre soube que o valor da vida seria nulo e aqui estou eu a abraçar esse espaço contíguo sem nada lá dentro. Pergunto-me se será essa a chave da felicidade e rapidamente chego à conclusão inequívoca que só posso estar parva. Pauso. A existência assola-me novamente. A dor da não existência de elementos significativos no meu cérebro leva-me a crer que os indíviduos tendem a ter um alto valor numérico e abstrato de preocupações desnecessárias. E a clara desnecessidade característica dessas preocupações leva-me a verificar que de facto não tem qualquer sentido preocupar-me com a estupidez dos mesmos. Sinto-me demasiado perdida para ver sentido nas coisas e demasiado encontrada para lhes atribuír sentido.

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