segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Dia 15

5 de Dezembro

6:27 PM
Hoje marca o ínicio de um novo estado mental, bate hoje o dia correspondente às duas semanas deste "luto". Mas não é por ser o ínicio da terceira semana deste processo que tenho a necessidade de o identificar como: o ínicio de uma nova etapa
Acho que hoje estou a conseguir, finalmente, ver-me como eu sou, dando fim à temporária sensação de perda de identidade em que me encontrei durante os últimos meses. Hoje, pela primeira vez em muito tempo, olho para mim no reflexo do espelho e aceito a minha imagem tal como ela é, sem necessitar de ninguém ao lado e, vendo o João como parte do meu mundo e não o mundo em si. Já não estou tão magoada com o que aconteceu, comecei a aceitar racionalmente que o que ocorreu, ocorreu como tinha de ocorrer e que não havia maneira de mudar nada. 
A verdade é que após os sucessívos cenários de terror, pânico e desespero que envolviam a perda de alguém sem uma aparente justificação, apercebo-me agora, que ninguém perdeu ninguém, e que as coisas não eram tão cor de rosa como as memórias bonitas as pintavam. Haviam muitas falhas, mesmo no meio das coisas boas, haviam falhas que eu sozinha não conseguia colmatar e assim se justifica o fim de uma relação pouco saudável.
Olho agora para o mundo na prespectiva de que rapazes e amores destes surgirão ainda alguns e que, os desgostos estão ímplicitos nesses mesmos determinismos. O João não foi o amor da minha vida, foi o primeiro amor, a inocência que envolve a sua imagem é algo muito bonito e que para sempre preservarei. Mas que não me pode mais parar no tempo. Aceito hoje, que nunca mais estarei com ele. Abraço esse pensamento como uma certeza, porque assim o desejo. Não quero estragar a imagem de amor que tivemos. Não penso mais na passagem dele para outra fase da sua vida como algo negativo, simplesmente é algo que não me diz respeito e que por isso ganha suaves contornos de indiferença na minha mente, que hoje se encontra particularmente racional.
Vejo hoje com clareza e nitidez, todos os erros que cometi tanto para com ele como para comigo, mais até do que os erros por ele cometidos, porque esses já não têm mais valor, o que tem valor é sim, a aprendizagem que de tudo isto retiro.
Eu sou a minha própria pessoa neste momento, não no sentido de independência final, mas sim, no sentido de respeito próprio que a mim devo. Sou a minha própria pessoa porque na verdade sempre fui, nunca deixei de o ser e sempre serei.

Joana

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