terça-feira, 6 de dezembro de 2016

16

7:38 PM
Cheguei a casa à pouco tempo e acabei agora um teste. Acho que esta cadeira está passada.
Em relação às sensações que senti durante a madrugada acho que estão a ser dissolvidas, a racionalidade volta a apoderar-se de mim. Percebo que o que me incomodou em relação ao assunto foi achar que toda a gente ía pensar mal de mim em vez de desencadear reações de ciúmes. Ciúmes não são comigo. E eu já não o amo. É mais a derrota de ter ficado em último lugar, a derrota do ego do que algo de índole sentimental.
De certa maneira sinto-me liberta, sinto-me algo mais sábia. Vejo o último ano que se passou, por aquilo que foi realmente, e tal como disse, eu fui mais uma e o João foi mais um. Tivemos numa "relação de putos", sinto-o com clareza. A inocência, a inconsciência, a minha entrega para com tudo o que envolveu o caso. Digo com mais certezas que ontem algo que não diria à 4 semanas atrás, eu não amei assim tanto o João. Na verdade eu estava viciada nele. Não sei se era amor, porque agora não sei o que isso é, mas sei que foi talvez o medo de perder e de sair que fez com que eu me deixasse estar, eu gosto de conforto. Mas a verdade é que o que eu achava que era conforto não me servia, as mudanças a que me ofereci no que toca à personalidade foram demasiado drásticas, acabei por me apagar a mim em prole de alguém. E neste momento vejo isso como o meu principal erro.
Eu já não sinto necessidade de mantê-lo na minha vida porque percebo o quão incompatível a todos os níveis nós somos, o facto de eu respeitar tanto, talvez em demasia e de ele não compreender o meu eu foi algo determinante. O João fez-me sofrer muito devido ao seu feitio. A culpa não foi dele. Mas continua hoje sem valorizar o que sou e isso faz-me ver que é alguém que deixou de valer a pena. Surgiu entre nós o sentimento de ódio. O constante chamar-me burra e de lenta compreensão, a necessidade constante que eu tinha de chorar, eu não estava bem. Eu estava presa. Eu estava a ser presa por alguém que de facto era mais limitado que eu. E a culpa foi minha, por deixar que a ilusão e a emoção do primeiro amor se tornassem em algo demasiado confortável.
Eu quero-o fora da minha vida. Pelo menos enquanto eu estiver em recuperação. Não quero alguém que tenha uma necessidade tão grande de me odiar por perto. Quero que ele se afaste, porque já não o conheço e talvez nunca tenha conhecido. Foi apenas a ilusão de duas crianças.

Sem comentários:

Enviar um comentário