sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

All my tears had been used up

Dor.
A dor de sentir.
A dor de querer sentir.
Doí-me quando ouço a dor dos outros.
A dor que invejo.
Têm tudo o que eu queria que fosse meu.
Sentir a dor deles.

Tornar-me-ía menos invisível.
Eu sou tão insignificante nesta vida.
Antes eu tinha voz.
Conforme os anos passam,
a vida passa
e eu passo.
Estou de constante passagem.

Se me virem na rua,
saibam que não sou eu
eu estou escondida
neste corpo medonho que a vida me deu
O álcool faz-me viva
A música tira-me da letargia.
Durante um minuto por um dia...

Brevemente, sinto que sigo o caminho
Sei qual é o caminho certo
Mas depois é tão pouco claro
Tão pouco correto
Viver, então é doloroso
não há "vale a pena" que lhe valha
não é esta a dor que eu quero sentir.
Eu quero sentir outra mágoa,
a dor de rir.

Guardo bonitas paisagens na cabeça
Crio filosofias,
atento cair na espiritualidade.
Mas não sou assim.
Este é o processo moroso e delicado
que eu tento
para ficar com o pensamento ocupado.

As pessoas que me faziam viva
matam-me.
Quero ficar longe das suas auras
Mas gosto mais delas do que elas de mim.
Onde está essa rapariga rija e independente
a pessoa forte e determinada que um dia floresceu
brevemente padeceu
e agora morreu.

Conheço-me melhor que nunca
e esse conhecimento altera-me o espirito
fico parada
estico com força o pé
até não poder estico
distendo o musculo, respiro.
O que dizer? O que fazer?
O que é que eu me fiz a mim própria?

O que é que eu fiz?
O que fiz?
Porque me deixaram fazer isto?
Eu arranquei o coração para deixar de amar
e agora não amo, não sinto
agora nem amor próprio tenho.
As minhas lágrimas não choram por ninguém.
O meu ânimo não convence.
Sou demasiado inútil.


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