terça-feira, 11 de julho de 2017

Ontem fui com a Mariana Ornelas para casa da Bea porque aquelas duas criaturas não se viam à 7 meses. Depois de ter estado sentada com elas na cama da Bonga a atualizarmo-nos de todas as novidades que haviam surgido desde Janeiro, tomei a decisão de ir ter com a Lala ao Arte. Deixei a Ornelas no cruzamento que segue em direção à praça de Benfica e continuei em frente. Ao passar a igreja, mesmo após a paragem onde os autocarros da Carris fazem serviço, reparo na quantidade de pessoas que estavam na rua mesmo sendo segunda-feira, uma vez que dois rapazes que aparentavam ter a minha idade se encontravam também casualmente a caminho de algum sitío, provavelmente íam ter com o resto dos amigos tal como eu. Sorri porque me senti segura. Estavam ambos de calções, chinelos e camisolão com o capuz. Quando reparei nos chinelos, reparei na familiaridade da forma de andar que o rapaz do camisolão encarnado me transmitia, a chinelar, o formato simétrico das pernas, o gémeo não muito notório, a perna cheia e o andar direito. Disse para mim própria "Não pode ser" e oiço a sua gargalhada. Era o João. Continuei em frente com um ritmo frenético e mesmo antes de passar por eles, atravessei a estrada para o outro lado a andar o mais depressa que podia, desejando que ele não reparasse na minha pessoa. Não sei se reparou, continuei em frente e depois voltei a virar para o passeio direito da Estrada de Benfica. Ao chegar ao Arte estava calma. Foi a primeira vez que o vi na rua. ~
No café, a conversa continuou e depressa me esqueci desse encontro, a caminho de casa e já parada, sentada num banco, de frente à Claúdio Nunes, a Lacerda ficou uma hora a definir os seus pensamentos relativos à sua história com o João F., acho que estava a precisar de o fazer. Seis anos de história que correram, onde estive sempre presente, ouvindo todas as histórias que surgiram ontem pela 50ª vez consecutiva sem me importar. É bonito o que ela sente/sentiu. É bonito e mais importante fez-me perceber que seis anos é muito tempo. E adaptando um bocadinho de todas as histórias à minha, com o João, fez-me perceber: Não é igual. Eu não olho para o João como a Lala olha para o Ferreira. E estranhamente, tendo eu 21 anos, o Cruz não foi o amor da minha vida. Eu já não gosto dele, se gostasse, ou melhor, se me lembrasse do que senti um dia por ele, eu falava dele como a Mariana fala do Ferreira. E ontem, ao vê-lo, não foi difícil ignorá-lo, não foi fácil reconhecê-lo como aquela pessoa que sabe tudo sobre mim. Não precisei de lhe mostrar que estava ali.
E agora, um ano depois, percebo que o João não é único. E que certamente encontrarei alguém que me fascine mais, ou talvez já tenha encontrado, de certa maneira, mesmo que seja uma crush parva. E sei que não ponho em hipótese voltar a estar com ele de que maneira for, ao contrário da Lala, que tem um botão, que apesar de estar desligado, o João F., se um dia quiser, poderá voltar a ligá-lo. O meu botão pelo Cruz deixou de existir.

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