domingo, 19 de março de 2017

Está um dia bonito.
Ultimamente tenho passado algum tempo com a Mariana, ela voltou recentemente de uma "missão" católica apostólica e as nossas conversas têm passado bastante pelo tópico religioso, o significado e as verdades católicas. Acho que a Mariana em certa parte não tem por hábito questionar Deus e, caso questione, rapidamente tenta tirar da cabeça esse ponto de interrogação, porque: "Deus não quer que eu dúvide dele". Tem-me passado pela cabeça algumas questões relativamente á existência, não de Deus, não da minha própria, mas o tópico em si em geral. Tenho tido várias conversas comigo própria debaixo do chuveiro onde penso nisto e tenho desenvolvido uma cadeia de pensamentos acerca do mesmo. Deus é humano, Deus foi criado a partir da necessidade humana da crença em algo superior, explicando tudo o que não se explica. Não se sabe, logo Deus é a resposta mais rápida. Deus... Vou buscar a biblía (sim, a sagrada), parece um livro de escola, na primeira página apresenta a localização geográfica e uma linha que parece um cronograma - o contexto físico, a localização no espaço e no tempo - um documento de estudo - umas páginas á frente e fico surpreendida com o conteúdo que se segue:

O LIVRO DA VERDADE
Este é um livro de verdades absolutas, de verdades para todas as gerações. É o livro da Verdade.
O nosso tempo, surpreendido com notícias contraditórias e impressionado por atitudes divergentes, caminha para a indiferença, dizendo que não há certezas e tudo é opinião.

Fico abismada com tais afirmações. Fico admirada pela primeira citação descrita no documento ir precisamente ao encontro da minha questão: "O que é a verdade?" Corro o risco de ironicamente poder afirmar que estou ansiosa e feliz por saber que a verdade se encontra literalmente na minha mão. Isto em primeiro. E depois, penso nas palavras "indiferença", "certezas" e "opinião", e claramente, caso este documento não seja de facto a Verdade, esta primeira parte clarifica a vontade de expansão dos ideais em si encontrados. 
Passo a traduzir a citação: "A todos os católicos e duvidosos, não sejam parvos, não venham com tretas que Deus não existe, isso é moda, não me digam que a seguir a duvidar de Deus se vão tornar vegans, vá, cresçam lá um bocadinho".
Não. Não vou intrepertar todas as linhas da Bíblia Sagrada com este sarcasmo. Isso seria fechar-me, fechar-me em toda a opinião que tenho, sem abrir o horizonte, sem descobrir a Verdade. Umas páginas adiante e observo claramente que a Biblía conta  a História de Deus, a História de um povo, os seus costumes e ideias, as suas tradições e políticas. Sim políticas.

A primeira parte do Pentateuco, Genésis, fala-nos acerca de como Deus criou a Terra e o Céu e tudo o que existe, incluíndo o Homem e a Mulher, á sua imagem. Gosto da maneira como a biblía conta história, como se Deus estivesse surpreso com a sua própria criação, um artista a desenhar e a colorir um quadro, a surpreender-se a si próprio a cada pincelada e a criar, por fim, o ser humano á sua imagem, para que este dominasse todas as espécies e pudesse continuar a criação do mundo dizendo-lhe: "(...)Sede fecundos, multiplicaivos, enchei e submetei a Terra(...)". Então Deus queria que o ser humano se multiplicasse? Sim. De Adão e Eva que geraram filhos e filhas e mais uns tantos que também geraram filhos e filhas até chegar a Noé. Deus decidiu um dia que não gostava da maldade que os Homens começaram a criar, arrependendo-se de ter criado o ser humano. Decidiu então, extreminar todos os Homens excepto Noé e a sua família, mandou-o construír a arca e colocar lá dentro casais de todas as espécies de animais da Terra e do Ar e avisou-o do dilúvio. Deus notou na existência do pecado, que não tinha sido por si criado, existindo o mal independente do bem, representado por Deus e podendo ainda, influenciar, o mal, o próprio homem.

Pergunto-me se existem mesmo pessoas a acreditar nestas histórias que parecem lendas e fábulas contadas a crianças.

(contínua...)


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