A falta de textos deve-se, não a um turbilhão de emoções, mas sim, à falta de tempo mental que tenho tido para pensar nas sensações, nas idas ao ginásio, no estudo. Tenho andado ocupada, o que é muito positivo. Ando a mil mas apenas a cem, isto porque não me apercebo do que se passa tanto à minha volta como dentro de mim mesma. "A relação" (como lhe chamamos não oficialmente), tem me mantido feliz, só isso, sem sentimentos. Sinto-me segura, gosto da brincadeira, gosto da simplicidade das coisas físicas, mas quando tento pensar nas emoções que devia ter, sei que não as tenho, e tudo se torna um emaranhado quando ele vem com perguntas para as quais nem uma linha de lógica tenho montada, quanto mais uma resposta coerente e concreta. Então, todas as minhas respostas acabam por se tornar: "Não sei", "Não entendo", "Isso baralha-me".
Já confio nele. Afinal toma conta de mim de uma forma tão dele, está-lhe no sangue cuidar das pessoas. Mas receio sentir-me sufocada, então dou-lhe para trás. Não preciso de mais alguém na minha vida a saber a que horas eu chego a casa, onde estou e o que faço. Não sei lidar. Então ignoro as mensagens dele, que para mim soam a um controlo que já me é familiar. Gosto de ir ao sabor do vento, gosto de ser espontânea e de fazer o que me apetece. Não sei lidar com o "ter de dar justificações", isso é meter um pássaro numa gaiola psicológica, algo que me fará sair a correr.
Como prender-me no canto do autocarro porque este está cheio de bêbedos, ter de lhe dar o cartão porque sou demasiado "frágil" para enfrentar aquelas pessoas, que no fundo até são engraçadas e bêbedas e algumas alegres. Agora que penso nisso foi um sufoco, não era eu ali, estava sufocada e demasiado protegida e o que eu quero é atirar-me à vida, não preciso e não gosto nada que me protejam dessa forma. Sinto que ele será mais que eu ali e eu perderei a voz, serei a rapariga sem voz. Que sufoco. Eu não consigo cruzar os braços e ficar parada.
Por outro lado, ás quatro da manhã deitados na relva, agarrados um ao outro, simplesmente a dormir, só a dormir, o vento, os pássaros, os pavões e o céu escuro. Até mesmo o nosso enorme passeio. Passar por sítios onde já tinha passado e ser uma pessoa que nunca esperei, acompanhada de outra que nem sabia que existia. Estas coisas fazem-me ver tudo de uma nova perspectiva.

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