Olho para a ponta dos meus dedos que estavam estagnados em cima do teclado, assim ficaram durante três minutos, parados, à espera que alguma das coisas em que estou a pensar decidisse sair, decidisse ser merecedora suficiente de passar à palavra. Penso nisto. De facto há sempre coisas que penso que se subentendem nos espaços, nas linhas, nas vírgulas, nos pontos finais e nos paragrafos. Esta semana foi estranha. Pergunto-me quem sou e o que quero. E só quero voltar para a cama, tapar-me, fechar o estore encravado e voltar ao sono. Abraço o meu próprio corpo e sinto-me em casa, agarro a almofada e coloco o pé direito de fora porque é o que se encontra na extremidade da cama. Durmo sempre à direita sem nenhuma justificação plausível. Quero criar o meu próprio mundo. Quero viver durante a noite e dormir durante o dia neste calor. Quero sair de casa sem rumo e ir passear. Ontem estava no supermercado e perdi-me a andar nos corredores, a olhar para tudo, em vão. Fui para uma festa na casa de alguém e acabei a noite a dormir na cama da minha amiga porque estava demasiado cansada. Estava toda a gente a perguntar-me se estava bem. Às vezes acho que sou estranha e gostava de não o ser.
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