quarta-feira, 24 de maio de 2017

Faltam duas semanas para o término das aulas, depois disto, o Augusto vai para a Madeira, a Nelas e a Lala vão continuar na faculdade, o Pedro e o Cabral vão estar a trabalhar, a Bea não sei, eu também não. De repente o meu grupo de amigos, o "refúgio" vai-se quebrar.Vai ser estranho não voltar a São João, não haver mais jantares espontâneos de grupo, experimentar novos vinhos todas as quinta-feiras, vai ser estranho. Mas ainda não caíu a ficha a ninguém. Ainda ninguém sabe se vai à gala de finalistas. Eu não quero ir. Sei que durante uns tempos vou sentir saudades disto. Sei que não vou voltar a cruzar-me com alguns deles e que a amizade que criámos eventualmente se dissipará. Vai ser mais um verão a andar de mota e a fazer cavalinhos no IC17 às duas da manhã, depois do café à beira rio e depois disso, as aglutinações que um dia criámos desaparecerão. Talvez continuemos a combinar cafés. Por ventura jantares. Um dia, quem sabe, o Gusto nos diga que vem a Lisboa durante uma semana, combinemos um jantar num restaurante semi-barato, ninguém aparecerá, ou talvez afinal apareceremos. O futuro é uma instância muito estranha, demasiado irreal para ser tão tomado como garantido.
Li no outro dia que das partes mais importantes da "minha" vida são as pessoas. Para o bem e para o mal. Eu sei. O futuro não me assusta realmente, pelo que sei até agora poderei não estar a respirar daqui a uma hora. Daqui a 10 minutos. Daqui a 3 segundos... 1... 2... 3. Afinal estou. Estou na verdade bastante contente com esta ideia de futuro. Contrariando tudo o que tenho dito hoje, quero fazer os meus planos a médio prazo (5/10 anos). Quero trabalhar em algo que me apaixone, quero tirar o mestrado, quero poupar muito dinheiro e quero pegar nesse dinheiro e ir viajar, quero ir conhecer o mundo, quero ler muito, quero aculturar-me, quero conhecer várias realidades e poder sentar-me e ter uma conversa interessante sobre tudo. Quero ser ativa, ser participativa, quero que partilhem experiências comigo, quero partilhar as minhas experiências. Quero deixar-me apaixonar pela simples existência, não quero complicar tudo, não quero deixar os meus sonhos e ambições para trás, quero ver coisas muito feias, quero sentir dor, sempre com resiliência. Quero ser sádica. Não quero limitar quem sou por ter medo. Quero poder deixar tudo entrar no meu coração, não quero fechar-me numa sala. Quero ser livre, não quero voltar a transformar-me numa pessoa que não sou eu, quero aprender mais sobre mim sem ser egoísta. Quero preservar algumas pessoas. Quero nunca mais voltar a ver outras. Não quero perder tempo com conversas inúteis, que nada acrescentam à minha vida, não quero falar de sapatos, de vestidos e de maquiagem, de política, do tempo, da sociedade, de música, de arte... não se isso nada acrescentar ao que sou.

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