domingo, 28 de maio de 2017

Coloco todos os meus pensamentos em banho maria.  Doi-me os pés e estou cheia de sede. Não fui sair ontem. Fui andar. Andei durante duas horas, à noite, sempre a andar, aborrecida perdida no inexistente pensamento. Faltam 12 dias para Macau, para ir ver a Bea, ter a semana para a qual estive a trabalhar durante tanto tempo. Ontem tentei ir a uma "festa" com o João, com o Toni e o resto do pessoal. Quando cheguei ao sitío combinado fizeram-me correr para ir comprar sangria e depois resolveram que íam passar mais uma esplendorosa noite a fazer o costume na casa da Gi - ouvir música dolorosa, andar de skate do telhado, fumar, beber sangria e fazer afirmações sem conteúdo. Estive 5 minutos a considerar e decidi que ía embora. Não estava para aquilo. 
Na noite anterior estive na casa da Sofia, nos anos da Cláudia. Quando o pai da Sofia me abriu a porta com um sorriso simpático e humilde percebi que era bem vinda ao invadir o ambiente calmo de um jantar de anos quase em família, mas com um monte de desconhecidos. Sentei-me numa cadeira, depois de cumprimentar toda a gente com um "Olá" geral e um beijinho para a aniversariante, e fiquei a assistir. Toda uma panóplia de conversas cruzadas e tópicos, os quais toda a gente tinha alguma coisa a dizer sobre, giravam sobre a cozinha dos Ferreirinho. Cada um partilhou um bocadinho da sua opinião acerca de assuntos distintos que íam surgindo, cada um falou um bocadinho de si. No final até foi sugerido que um evento de tamanha magnitude e estilo referêncial devia ser organizado todas as semanas, para que pudessemos soltar as mágoas de semanas de estudo, professores complicados e abstraír-nos da azafama das nossas vidas. No final da cerimónia, o pai da Sofia despediu-se de mim com um "gostei de te ver", eu disse à irmã da Sofia que estava muito gira e descemos - os desconhecidos - de elevador até ao Hall do prédio. Sei que estava inquieta quando entrei, mas feliz e serena quando saí. 
Foi esta noite anterior que me fez decidir que não ía forçar-me a passar uma noite confusa num ambiente tóxico como o criado pelo pessoal. Só de pensar em ter ido sinto um arrepio na espinha, pensar na tristeza moribunda que envolve aquele pessoal, na falta de lógica, na falta de sentido e rumo que sinto ao vê-los.

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