Tenho medo, tenho medo de o magoar. Ele deu-me um presente especial, comprou algo para oferecer a alguém especial. Diz que eu sou esse alguém. Diz que eu sou a pessoa, a dona do presente, pois de certa forma o coração dele está comigo. Ele apaixonou-se. Merda! Porquê?! Ou melhor: Como?! Eu não quero voltar a ser a pessoa que gosta menos, a que se caga, a que magoa. Não quero. Mas não me consigo apaixonar.
Ele pediu-me para sermos namorados: "já preenchemos todos os requisitos... É só uma segurança", agarrou-me e disse-me que eu era dele. Era dele. Sou dele e não quer que eu esteja com mais ninguém porque eu sou dele. E ele nem tem vontade de estar com outras pessoas. Ficámos deitados no chão a olhar para a escuridão, estou tão confortável com ele. Porém, o que para ele é uma segurança, esse título, para mim é uma prisão. Eu não quero nenhum namorado, não quero ser: a rapariga que tem namorado, sou eu, sou a Joana na mesma e ele é ele na mesma. Se o coração nos diz que pertencemos um ao outro, porque precisaríamos de um rótulo. Era só para os outros o rótulo. Era só para os pais, amigos, para o mundo. Porque para mim eu sou a Joana e ele é o João e nós os dois somos um refúgio um do outro, ele não faz parte da minha vida, é um caminho paralelo e eu seria incapaz de me mudar por causa disso.
Tenho saudades de mim livre, de saltos altos, batom vermelho, sempre preocupada com o que vou vestir e que jogo de sombras vou fazer hoje. Com ele, eu exijo-me a mim própria ser mais simples, andar de rasos, vestir coisas confortáveis, não esticar o cabelo, não sou diva a andar na rua, sou o cãozinho que ele passeia pela mão. E isto é o sonho de algumas pessoas... Mas não é o meu. Sou independente. Sou como sou. Sou a Joana que sempre será a Joana. Mas o facto de estar lá ele, apaga-me a personalidade. Não tenho talento, não sou bonita, não sou uma mulher forte, sou uma average person por quem ele se apaixonou.
Mas eu não me apaixono por ele, apenas passo o tempo, apenas isso. Ele é um boneco e uma distracção. É o explorar de como seria ter namorado. Mas sem o título, esse custa-me. O problema de pensar assim é que eu sei que vou deixá-lo frito da cabeça e ele não merece.
Acabei de pedir uns dias, acabei de pedir um foco em mim mesma e naquilo que sou, com toda a futilidade que isso envolve. Faz-me impressão quando ele me diz: "Quero-te", eu não o quero a ele, podia ser qualquer pessoa, mas quero que seja feliz. Ele tem muita coisa bonita, boa, é uma pessoa linda por dentro, que tem o seu feitio próprio e há que aceitar. Por esse mesmo motivo, a prenda não me deve pertencer. Não eu não a mereço, não sou a sua dona. Não devia ser nada para ele do que sou. Porque nunca lhe poderei dar o que ele quer, não é mútuo, não sou saudável para ele, sou tóxica e de que maneira...
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